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PAULO MARIA TONUCCI

Paulo Maria Tonuccinasceu na Itália em 4 de maio de 1939. Foi ordenado sacerdote em junho de 1962. Sentindo o desejo de servir aos mais pobres, obteve a permissão do bispo para partir para a América Latina como missionário: “Parti para o Brasil em 19 de outubro de 1965. Vim para o Brasil como missionário, isto é, para cumprir uma missão para a qual me sentia chamado.”

Atuou como vigário coadjutor na paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, na periferia de Salvador, de 1965 a 1981. Em sua atuação pastoral se destacou por escolher o lado dos mais pobres. Em plena repressão, onde havia uma pessoa ameaçada, foragida, Pe. Paulo estava presente, acolhendo, confortando, ajudando, abrigando, escondendo. Pe. Paulo sempre estava lá, ao lado dos pequenos e desprotegidos. Num barraco que desabava, nos lares carentes, junto aos injustiçados, no meio dos ‘invasores’, com os excluídos, ao lado das vítimas e familiares da violência policial... Paulo sempre esteve presente. Foi um dos fundadores da Comissão Justiça e Paz (CJP) da Arquidiocese de Salvador. “Nós da CJP procuramos estar ao lado dos que não têm voz...”

Em 1981 deixou o bairro de Fazenda Grande para estabelecer-se como vigário em Camaçari. Participando ativamente da vida de cidade, mesmo recusando qualquer engajamento partidário, desempenhou importante papel no processo de mudança pelo qual passava o município. Responsável pela paróquia São Thomaz de Cantuária, Pe. Paulo deu continuidade à fundamental opção pelos pobres, que ele mesmo resumia: “Fazer com que o Reino dos Céus chegue a Camaçari é um trabalho de formiga, que se baseia em três atividades: a formação das CEBs, o apoio aos movimentos populares e serviços assistenciais.” Por isso, reativou a Associação Beneficente São Thomaz de Cantuária (ABSTC) para dar abrigo e respostas aos problemas mais urgentes da população através do serviço voluntário de um grupo de mulheres.

Como responsável pela paróquia, marcou sua presença e apoio nas greves e recusava-se a benzer fábricas e bancos. Falava sobre ele o então prefeito Humberto Ellery: “Pe. Paulo era desses homens radicalmente intransigentes. Em sua ação pastoral tinha uma preferência: os pobres, os desvalidos, os miseráveis. Às autoridades só se reportava para reivindicar melhoria para o povo. Não pedia, reclamava direitos subtraídos nesta sociedade ainda tão injusta. Sempre conversava com as autoridades ao lado dos moradores das comunidades. Era um organizador do povo, ao lado de ser um fiel evangelizador.”

Foi também membro da CEHILA (Comissão de Estudos da História da Igreja na América Latina) e assim explicava essa experiência: “O compromisso de construir a comunidade cristã e uma nova sociedade, levou-me a animar encontros, debates, reuniões. Para transmitir tudo isso e fazer com que o povo se tornasse autor e sujeito de sua própria história, comecei a preparar textos e cadernos populares. É um material que saiu do nada, quase por necessidade, para ajudar o povo simples a conhecer e entender sua verdadeira história.”

Por duas vezes lhe foi negada a naturalização brasileira: a primeira durante a ditadura militar, a segunda já no tempo da democracia. A resposta que justificava esta recusa sempre foi “indignidade e má conduta”, pois eram registradas nos arquivos da polícia suas intervenções em defesa dos “sem-teto e invasores”.

Morreu em 09 de outubro de 1994.

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